vários de uma vez. talvez não dure muito tempo;
estou por um fio.
abraço,
patrick
29/9
Carta de amar
Patrick Brock
[para J.S.N.]
“I am the passenger
And I ride
and I ride”
[Iggy Pop]
Eu sou o passageiro e vejo as ruas borradas na noite e mesmo perdido, eu ainda encontro sonhos abandonados nas calçadas, e consigo até ver as estrelas brilhando para nós.
Na velocidade de um trem-bala eu corri por várias cidades e senti amizade ou frieza. Pensei que morreria de sono por enfrentar a vida que sempre sonhei; as estrelas não estavam brincando comigo. Balas, papel para cigarros, internet, café e bolhas nos pés. Eu sou um passageiro e ao meu lado caminha uma entidade muito velha, de escudo branco, bondade e ferocidade. É ela quem põe a mão no ombro quando a vivência torna-se complexa demais e sinto os joelhos dobrarem.
Agora você deve estar dormindo, rapid eye moviment, enquanto a comunicação assíncrona liberta meu grito de calma expectativa, culminância destes dias quentes e frios; semanas inteiras ocupados com nossas respectivas tarefas, transeuntes, festivais culturais, mesas pernósticas e festas hippies.
Eu sinto a chapa esquentando sobre meus pés, todos nós pulamos como gatos encurralados. Mas somos maduros demais ou medrosos demais para sair na chuva. Quanto a mim? Eu ainda não perdi o sonho porque você dissolveu a minha razão.
22/09/2005
Antitetânica
Para João Filho
Eu de saque e ele maneja a faca, dinâmico, cortando pedaços de bananeira na tonteira úmida de janeiro. Com o gosto da última refeição, dou uma passada de língua nos lábios.
- Misture tudo, coloque a cana pra queimar, deixe os calos formar na mão – diz, muito calmo, os braços rotativos em golpes. Esfera textual, jogo de palavras e de afirmações, perguntas significantes. Por um momento Glauco Mattoso, Jornal Dobrabil, Flanaxx e Vioxx. Essa figura baixa e cabeluda, eu ainda apalermado, observando o corte preciso, os cachos moídos na terra vermelha.
É névoa de sonho mesmo em nossos olhos, rapaz, aquelas coisas todas que imaginamos e gritamos. É no tédio que o ser humano se rebela, um levante psicológico, transmissível, redobrado. Depois de uns minutos arrastados, de prosa sem parar, chega a hora de vestir o arreio, as esporas, sentar na baia. Se pudesse, ficava encarando esse brinquedo espinhoso, de veludo e pimenta, imaginando como construir o melhor origami de idéias.
Ele sabe disso; tem a respiração de épocas passadas, de grandes oportunidades. Como Starman, o Homem das Estrelas, parado no fundo da cratera, passando para a amada terráquea a última das bolinhas mágicas espaciais. Os dois cruzaram meio mundo juntos, escaparam milagrosamente das garras dos homens do governo graças à ajuda de anônimos motorizados. Enquanto isso, eu em estado prolongado de desligamento mental.
Mas acabei me acalmando. Envelheci; criei filhos, casa, seguro de vida, natais insones, tv de 29 polegadas, dvd home theather. Minha barriga cresceu, os cabelos caíram. E, anos depois, me encontrei no mesmo lugar, as mãos enrugadas, mas ainda macias, e encontrei um prego brilhante. A bananeira secou há muito tempo, o terreno inteiro foi coberto por um concreto brega, áspero. O prego foi simplesmente deixado ali por alguém. Finquei os dedos e sangrei, mais uma vez, só para lembrar daquela loucura brilhante.
15/09/2005
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Privação
Mandaram-me para cá porque eu sou gorda, tenho 15 anos e 80kg. O lugar, o Acampamento Guaxinim Dourado, é só um aglomerado de casinhas estúpidas e um galpão principal. Estou alojada com mais quatro meninas. Fiz amizade com Leila, ela me disse que no começo sentia-se bem porque todos lhe perguntavam o quê você está fazendo aqui? Ela é até bem magrinha. Mas depois de um tempo, ela sentiu vontade de bater neles. Falamos muito também de comida, estamos famintas e cansadas pelos exercícios brutais. Onde estão nossos pais?
Outra garota, Andrea, a mais velha da cabana, disse que é difícil voltar para casa e resistir às tentações. Ela sabe o que fazer, mas vê todo mundo comendo na escola, se acabando de comer, vendo filmes e enchendo-se de porcaria para chorar de pura felicidade emocionada de açúcar. Ela já passou três verões no acampamento e sempre fica gorda de novo.
A maioria dos colegas não sabe quanto custa, mas eu sei o preço da minha privação: 5 mil reais por um mês de treinamentos, atendimentos, dinâmicas de grupo e exercícios. Todos os dias somos pesados. Comemoramos gramas perdidas e quem não consegue (muita gente esconde coisas gordurosas na mala) recebe vaias sonoras, incentivadas pelos instrutores, belos moços e moças malhados, com a pele perfeita e bronzeada, muito seguros de si. Eu odeio eles.
Na hora das refeições de 1.500 calorias [por dia] dá pra sacar quem são os compulsivos. Eles encaram o prato com ferocidade e comem sem levantar os olhos. Eu conheço a receita para essa loucura. Tédio, medicação, cortes minúsculos nas coxas, divórcio dos pais. No final eles botam um quadro enorme e lançam uma palestra: 91% dos campistas perdem peso e se mantêm magros. E quantos se mantêm sãos? É a primeira vez que participo. Sei que quando voltar, terei de encarar a despensa chaveada. Ah, vou comer um Twix que Andrea me arranjou.
08/09/2005
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Ficcões
Projeção astral
a) Estebán Luenzia, 35 anos, operário em manutenção na Fábrica de Azulejos Valenciana em Juan de Moro, desprezado e humilhado pela mulher [que o traiu rindo e sem pensar muito com um dos gerentes da fábrica], ligou o forno de cozimento em 700 graus centígrados, colocou-se dentro da sala chamuscada e sentiu o calor crescendo, dissolvendo roupas, carnes, ossos e a sua dor.
b)Em outubro de 2008 partiu para a órbita da Terra a primeira espaçonave SpaceShip2, derivada do modelo ganhador do prêmio Ansari X. Richard Branson, dono da Virgin Galactic e capitalista multifuncional, assistiu emocionado à ascensão rápida de seu foguete. Morgan Freeman, Paris Hilton, Madonna e outras celebridades maravilharam-se com o planeta que encolhia até o oitavo minuto de vôo, quando o motor de combustível sólido explodiu no limiar da Atmosfera lançando uma chuva de cinzas estelares no oceano Pacífico. Comoção mundial e especiais na TV.
c) Hoje eu alcancei a imortalidade. Há uma semana, ao anoitecer, fui atacado por um enxame de muriçocas enquanto arrancava ervas daninhas em meu sítio. Como não coçou, continuei a trabalhar e fui mordido centenas de vezes. No outro dia eu acordei completamente inchado. Fiquei de cama por sete noites, tão doente que não comia, bebia ou ia ao banheiro, sem forças até para tirar minha própria temperatura. Quando consegui, de frente para o espelho do banheiro, olhei para o meu rosto pela primeira vez e via a morte. Gargalhadas solitárias. Voltei para a cama e senti o corpo leve com o surgimento de minha alma imortal em forma de planta gigante. Tudo escureceu e surgiu um Portal. Eu o atravessei e então vi o Messias, mas outro espírito brilhante surgiu e me acusou: como eu ousava ir até ali, depois de tudo que eu tinha feito? Ele colocou uma pilha de coco na minha frente. Resisti e conversei telepaticamente com o Messias pelas próximas sete horas. Acordei no outro dia completamente curado e com a lembrança das palavras finais do Messias: Você atravessou o Portal sem medo, então pode voltar e retomar sua alma.
01/09/2005
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Ficcões
Bulletin board
“Quadro de recados” [do dicionário Webster’s online]
Substantivo
1. [vulgo BBS] Programa que permite aos usuários deixar mensagens e acessar informações de interesse geral.
2. [adendo necessário e inexistente] Meio de extravasar um ponto de vista ou drama.
a) Novo Testamento [em estado neurótico de vigília noturna]
Andei por veredas literárias até não poder mais, eu estava magro, cheio de insetos, caspas, piolhos. Nenhum sacerdote me ajudou no caminho. Eles apenas ignoraram minha busca em forma de penitência quando experimentei a fé de várias igrejas e ouvi negativas sonoras ou sutis. Senti que meu tempo estava acabando quando o Peregrino Sádico tentou cortar minhas ancas: tinha chegado a hora para atividades drásticas. De um quarto de paca, cortei as vísceras e juntei com folhas de papel, seria meu Livro Sagrado. As páginas sangrentas fecharam, contorcendo-se até uma Forma retangular que se transformou numa fonte inesgotável de júbilo. Era a minha glória eternizada num objeto vivo. Mas agora estou morrendo, a Forma rouba minhas energias e enfraquece meu sangue ralo de penitente. Tentei destruí-la, mas ela se multiplicou e aos poucos sou esmagado pelo peso de suas palavras.
b) Clube do Trailer da América [direto dos milharais e estradas lubrificadas de Oklahoma]
Somos Randy & Lisa Robb e os membros do Clube podem obter fotos panorâmicas do nosso trailer, é só mandar e-mail. Para os mais ansiosos: temos um 1999 Cummins ISB-215, com direção hidráulica, freios a ar e embreagem pneumática. Nessa máquina bem amada, eu e minha esposa viajamos pelas estradas impecáveis de nossa nação. Acampamos nos encontros de caminhoneiros, onde vivemos com nossas aposentadorias, cuspindo óleo diesel e respirando ar purificado. Não fazemos swing, mas tomamos Viagra uma vez por mês. Aparentemente, não somos felizes. Por favor ajude.
30.9.05
29.9.05
Informo que dia 23/10/2005 ocorrerá o Referendo para decidir se a comercialização de armas de fogo e munição em todo o território nacional deve ou não ser proibida.
O Referendo acontecerá por sufrágio universal e voto secreto conforme dispõe a Constituição Federal, art.14 inciso ll e a lei 10.826/03, art. 35 § 1º (Estatuto do Desarmamento) e é obrigatório para maiores de dezoito anos e facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Sem a prova de que votou na última eleição, pagou a respectiva multa ou de que se justificou incorrerá o empregado nas penalidades previstas no art. 7º, § 1º, do código Eleitoral Brasileiro.
Diante do exposto, para o cumprimento das regras instituídas no Código Eleitoral Brasileiro, os empregados deverão atestar, junto ao Órgão de Recursos humanos/Pessoal, até 16/12/2005, estarem quites com as obrigações eleitorais, apresentando cópia;.
a) do comprovante de que votou no Referendo;
b) da justificativa de que não votou; ou
c) da prova que efetuou o pagamento da multa por não ter votado e nem justificado perante o juiz eleitoral.
O Referendo acontecerá por sufrágio universal e voto secreto conforme dispõe a Constituição Federal, art.14 inciso ll e a lei 10.826/03, art. 35 § 1º (Estatuto do Desarmamento) e é obrigatório para maiores de dezoito anos e facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Sem a prova de que votou na última eleição, pagou a respectiva multa ou de que se justificou incorrerá o empregado nas penalidades previstas no art. 7º, § 1º, do código Eleitoral Brasileiro.
Diante do exposto, para o cumprimento das regras instituídas no Código Eleitoral Brasileiro, os empregados deverão atestar, junto ao Órgão de Recursos humanos/Pessoal, até 16/12/2005, estarem quites com as obrigações eleitorais, apresentando cópia;.
a) do comprovante de que votou no Referendo;
b) da justificativa de que não votou; ou
c) da prova que efetuou o pagamento da multa por não ter votado e nem justificado perante o juiz eleitoral.
27.9.05
Jägermeister
É um licor herbal, tônica dos últimos dias quando olho para a garrafa vazia sob a mesa. Jogue fora todas as lembranças e acenda um cigarro aromático. São tempos de novidade, música eletrônica e gosto diferente na boca ao tomar a água de coco. Viajei 14 mil quilômetros a troco de tudo, de uma existência feliz. As imagens voltam em sonhos estranhos quando tomo a sesta tropical antes do almoço. Estive numa máquina de impressões sensoriais, havia poucas drogas, mas muita sede de viver.
Muitas horas em cadeiras minúsculas, com o barulho da turbina atormentando. Duas delas, do tamanho de uma van, impulsionando a nave e seus 300 passageiros pelo Atlântico. No Charles De Gaulle eu me perdi entre o Terminal 2E e o 2F. Um oficial negro, sério, olhou meu passaporte e o carimbou com tédio. Vi outros serem mandados de volta. Um grande transbordo de gente de todos os lugares do mundo, chegando e partindo nas vísceras deste terminal fantástico.
Em Berlim, a sensação de sangue e árvores no chão. Muitas avenidas planas, prédios baixos, o povo ariano rígido, mal humorado, correndo rápido entre estações de metrô u-Bahn e s-Bahn. Mas agora eu não consigo lembrar de mais nada. Só de Zoolosicher Garten.
al Nite Lang
Muitas horas em cadeiras minúsculas, com o barulho da turbina atormentando. Duas delas, do tamanho de uma van, impulsionando a nave e seus 300 passageiros pelo Atlântico. No Charles De Gaulle eu me perdi entre o Terminal 2E e o 2F. Um oficial negro, sério, olhou meu passaporte e o carimbou com tédio. Vi outros serem mandados de volta. Um grande transbordo de gente de todos os lugares do mundo, chegando e partindo nas vísceras deste terminal fantástico.
Em Berlim, a sensação de sangue e árvores no chão. Muitas avenidas planas, prédios baixos, o povo ariano rígido, mal humorado, correndo rápido entre estações de metrô u-Bahn e s-Bahn. Mas agora eu não consigo lembrar de mais nada. Só de Zoolosicher Garten.
al Nite Lang
19.9.05
18.9.05
"Três horas duma noite que além de ser noite de sábado, está de neblina formidável. Noite de sábado já é uma das coisas mais humanas de São Paulo, todos os baianos, gaúchos, mineiros, cearenses, pernambucanos, espanhóis saem a passear. [...] me sinto bem no meio deles. E além disso: neblina, um fog maravilhoso. No Anhangabaú não se via nada de nada. Só os anúncios e o luminoso do Banespa. Fui no cinema, vi umas besteiras, saí no meio e fui andando. Quando vi estava nos Jardins. Então voltei procurando caminhos mais misteriosos, cheguei a ter medo no meio do parque Trianon, completamente sem iluminação e com alguns ruídos nas moitas. Depois atravessei o bairro japonês e só quando esbarrei na avenida Liberdade, vim me encostando nela até esta rua José Getúlio. Ronco de vida e morte, várias propostas de aventuras, uma calma interior sem comparação. [...] Mas cheguei meio excitado, sem sono, e estou escrevendo."
João Cazé de Melo Neto, em correspondência a Paulo Bullar
João Cazé de Melo Neto, em correspondência a Paulo Bullar
16.9.05
ROMANTIC RIGHTS
Your romantic rights are all that you got
Push them down, son, it's more than just lip
C'mon girls, I know you know what you want
C'mon, c'mon now and give them all shhhhh
You’re beating walls, now you just won't quit
You play with shapes but they just won't fit
I know you love me, you don't know what you like
You're watching TV, I stay up all night
I don't need you
I want you
South Carolina kid is heating things up
His wounds are bleeding and we're filling the cup
This game will save us if we don't die young
C'mon, c'mon now, yea, have some fun
Come here, baby, I love your company
We could do it and start a family
She was living alone unhappily
We could do it, it's right romantically
I don't need you
I want you
15.9.05
ou então, entrando mais na arena da política...
##### Correio de Sergipe
Vampeta fez A frase: - “o Flamengo finge que me paga E Eu finjo que jogo”.
A garotada lincada já está chamando Lula de “presidente Vampeta”: ...
www.correiodesergipe.com/lernoticia.php?noticia=7845 - Resultado Adicional - Páginas Semelhantes
##### Correio de Sergipe
O Flamengo finge que me paga e eu finjo que jogo. Lula aprendeu A má lição.
Lula finge que ainda governa eo país finge que acredita que Lula ainda governa. ...
www.correiodesergipe.com/lernoticia.php?noticia=6926 - Resultado Adicional - Páginas Semelhantes
##### Correio de Sergipe
Vampeta fez A frase: - “o Flamengo finge que me paga E Eu finjo que jogo”.
A garotada lincada já está chamando Lula de “presidente Vampeta”: ...
www.correiodesergipe.com/lernoticia.php?noticia=7845 - Resultado Adicional - Páginas Semelhantes
##### Correio de Sergipe
O Flamengo finge que me paga e eu finjo que jogo. Lula aprendeu A má lição.
Lula finge que ainda governa eo país finge que acredita que Lula ainda governa. ...
www.correiodesergipe.com/lernoticia.php?noticia=6926 - Resultado Adicional - Páginas Semelhantes
vejam as frases do millor (as duas de cima)
http://www2.uol.com.br/millor/index.ht
à frase 1 eu acrescentaria: Vampeta finge que joga, Flamengo finge que paga (clássica, dita pelo próprio). As empresas fingem que cumprem seus direitos, enquanto os consumidores fingem que acreditam nas empresas. Dá muito trabalho discutir.
http://www2.uol.com.br/millor/index.ht
à frase 1 eu acrescentaria: Vampeta finge que joga, Flamengo finge que paga (clássica, dita pelo próprio). As empresas fingem que cumprem seus direitos, enquanto os consumidores fingem que acreditam nas empresas. Dá muito trabalho discutir.
14.9.05
11.9.05
8.9.05
"Não há por aí quem desconheça que o escritor brasileiro, na maioria dos casos, vive tristemente de um mísero emprego público, sem recursos de outra espécie, ocultando-se da sociedade para não ser visto com os seus trajos de boêmio à força, macambúzio, chorando necessidades, alimentando-se mal, contraindo favores, enquanto não lhe chega o minguado subsídio com que vai pagar os agiotas que o socorreram durante o mês." (Adolfo Caminha, 1895)
5.9.05
3.9.05
nova orleans
fats domino salvou-se, milhares não.
Op-Ed Columnist
United States of Shame
By MAUREEN DOWD
Published: September 3, 2005
Stuff happens.
And when you combine limited government with incompetent government, lethal stuff happens.
America is once more plunged into a snake pit of anarchy, death, looting, raping, marauding thugs, suffering innocents, a shattered infrastructure, a gutted police force, insufficient troop levels and criminally negligent government planning. But this time it's happening in America.
W. drove his budget-cutting Chevy to the levee, and it wasn't dry. Bye, bye, American lives. "I don't think anyone anticipated the breach of the levees," he told Diane Sawyer.
Shirt-sleeves rolled up, W. finally landed in Hell yesterday and chuckled about his wild boozing days in "the great city" of N'Awlins. He was clearly moved. "You know, I'm going to fly out of here in a minute," he said on the runway at the New Orleans International Airport, "but I want you to know that I'm not going to forget what I've seen." Out of the cameras' range, and avoided by W., was a convoy of thousands of sick and dying people, some sprawled on the floor or dumped on baggage carousels at a makeshift M*A*S*H unit inside the terminal.
Why does this self-styled "can do" president always lapse into such lame "who could have known?" excuses.
Who on earth could have known that Osama bin Laden wanted to attack us by flying planes into buildings? Any official who bothered to read the trellis of pre-9/11 intelligence briefs.
Who on earth could have known that an American invasion of Iraq would spawn a brutal insurgency, terrorist recruiting boom and possible civil war? Any official who bothered to read the C.I.A.'s prewar reports.
Who on earth could have known that New Orleans's sinking levees were at risk from a strong hurricane? Anybody who bothered to read the endless warnings over the years about the Big Easy's uneasy fishbowl.
In June 2004, Walter Maestri, emergency management chief for Jefferson Parish, fretted to The Times-Picayune in New Orleans: "It appears that the money has been moved in the president's budget to handle homeland security and the war in Iraq, and I suppose that's the price we pay. Nobody locally is happy that the levees can't be finished, and we are doing everything we can to make the case that this is a security issue for us."
Not only was the money depleted by the Bush folly in Iraq; 30 percent of the National Guard and about half its equipment are in Iraq.
Ron Fournier of The Associated Press reported that the Army Corps of Engineers asked for $105 million for hurricane and flood programs in New Orleans last year. The White House carved it to about $40 million. But President Bush and Congress agreed to a $286.4 billion pork-filled highway bill with 6,000 pet projects, including a $231 million bridge for a small, uninhabited Alaskan island.
Just last year, Federal Emergency Management Agency officials practiced how they would respond to a fake hurricane that caused floods and stranded New Orleans residents. Imagine the feeble FEMA's response to Katrina if they had not prepared.
Michael Brown, the blithering idiot in charge of FEMA - a job he trained for by running something called the International Arabian Horse Association - admitted he didn't know until Thursday that there were 15,000 desperate, dehydrated, hungry, angry, dying victims of Katrina in the New Orleans Convention Center.
Was he sacked instantly? No, our tone-deaf president hailed him in Mobile, Ala., yesterday: "Brownie, you're doing a heck of a job."
It would be one thing if President Bush and his inner circle - Dick Cheney was vacationing in Wyoming; Condi Rice was shoe shopping at Ferragamo's on Fifth Avenue and attended "Spamalot" before bloggers chased her back to Washington; and Andy Card was off in Maine - lacked empathy but could get the job done. But it is a chilling lack of empathy combined with a stunning lack of efficiency that could make this administration implode.
When the president and vice president rashly shook off our allies and our respect for international law to pursue a war built on lies, when they sanctioned torture, they shook the faith of the world in American ideals.
When they were deaf for so long to the horrific misery and cries for help of the victims in New Orleans - most of them poor and black, like those stuck at the back of the evacuation line yesterday while 700 guests and employees of the Hyatt Hotel were bused out first - they shook the faith of all Americans in American ideals. And made us ashamed.
Who are we if we can't take care of our own?
Op-Ed Columnist
United States of Shame
By MAUREEN DOWD
Published: September 3, 2005
Stuff happens.
And when you combine limited government with incompetent government, lethal stuff happens.
America is once more plunged into a snake pit of anarchy, death, looting, raping, marauding thugs, suffering innocents, a shattered infrastructure, a gutted police force, insufficient troop levels and criminally negligent government planning. But this time it's happening in America.
W. drove his budget-cutting Chevy to the levee, and it wasn't dry. Bye, bye, American lives. "I don't think anyone anticipated the breach of the levees," he told Diane Sawyer.
Shirt-sleeves rolled up, W. finally landed in Hell yesterday and chuckled about his wild boozing days in "the great city" of N'Awlins. He was clearly moved. "You know, I'm going to fly out of here in a minute," he said on the runway at the New Orleans International Airport, "but I want you to know that I'm not going to forget what I've seen." Out of the cameras' range, and avoided by W., was a convoy of thousands of sick and dying people, some sprawled on the floor or dumped on baggage carousels at a makeshift M*A*S*H unit inside the terminal.
Why does this self-styled "can do" president always lapse into such lame "who could have known?" excuses.
Who on earth could have known that Osama bin Laden wanted to attack us by flying planes into buildings? Any official who bothered to read the trellis of pre-9/11 intelligence briefs.
Who on earth could have known that an American invasion of Iraq would spawn a brutal insurgency, terrorist recruiting boom and possible civil war? Any official who bothered to read the C.I.A.'s prewar reports.
Who on earth could have known that New Orleans's sinking levees were at risk from a strong hurricane? Anybody who bothered to read the endless warnings over the years about the Big Easy's uneasy fishbowl.
In June 2004, Walter Maestri, emergency management chief for Jefferson Parish, fretted to The Times-Picayune in New Orleans: "It appears that the money has been moved in the president's budget to handle homeland security and the war in Iraq, and I suppose that's the price we pay. Nobody locally is happy that the levees can't be finished, and we are doing everything we can to make the case that this is a security issue for us."
Not only was the money depleted by the Bush folly in Iraq; 30 percent of the National Guard and about half its equipment are in Iraq.
Ron Fournier of The Associated Press reported that the Army Corps of Engineers asked for $105 million for hurricane and flood programs in New Orleans last year. The White House carved it to about $40 million. But President Bush and Congress agreed to a $286.4 billion pork-filled highway bill with 6,000 pet projects, including a $231 million bridge for a small, uninhabited Alaskan island.
Just last year, Federal Emergency Management Agency officials practiced how they would respond to a fake hurricane that caused floods and stranded New Orleans residents. Imagine the feeble FEMA's response to Katrina if they had not prepared.
Michael Brown, the blithering idiot in charge of FEMA - a job he trained for by running something called the International Arabian Horse Association - admitted he didn't know until Thursday that there were 15,000 desperate, dehydrated, hungry, angry, dying victims of Katrina in the New Orleans Convention Center.
Was he sacked instantly? No, our tone-deaf president hailed him in Mobile, Ala., yesterday: "Brownie, you're doing a heck of a job."
It would be one thing if President Bush and his inner circle - Dick Cheney was vacationing in Wyoming; Condi Rice was shoe shopping at Ferragamo's on Fifth Avenue and attended "Spamalot" before bloggers chased her back to Washington; and Andy Card was off in Maine - lacked empathy but could get the job done. But it is a chilling lack of empathy combined with a stunning lack of efficiency that could make this administration implode.
When the president and vice president rashly shook off our allies and our respect for international law to pursue a war built on lies, when they sanctioned torture, they shook the faith of the world in American ideals.
When they were deaf for so long to the horrific misery and cries for help of the victims in New Orleans - most of them poor and black, like those stuck at the back of the evacuation line yesterday while 700 guests and employees of the Hyatt Hotel were bused out first - they shook the faith of all Americans in American ideals. And made us ashamed.
Who are we if we can't take care of our own?