2.3.04

Conurbação



Eu trafegava pelas avenidas cancerígenas, nuvens de fog e vida diluída. Dezenas de centenas de milhares de estabelecimentos japoneses espalhados por milhas. Belas mulheres ocupadas com seus afazeres diários, de salto alto, tomando sorvete, fumando cigarro.

No meio do caminho, um podre rio de lama, cercado por novas e limpas grades de metal. Uma favela se revelou ao meu olhar, shanty town hoover ville style, ao lado de um posto de gasolina e da merda exalada pelo excremento dos ralos de concreto armado.

Que sugam, sugam a vida de todas aquelas pessoas, a minha também. Chegou o meu destino: um coração-terminal gigante, pulsando de sangue, veículos e pessoas. Entre rios de sangue e merda, apressados viajantes, como eu, seguem para seus destinos em todo o mundo. Do lado de fora, veículos fósseis de vários tamanhos cruzam em sentidos opostos as vísceras deste organismo fantástico. Um objeto voador zarpou para o céu em alta velocidade, poderia estar me levando, mas me deixou aqui, no meio dos rios de óleo diesel fervente e da pedra fria.

Al Nite Lang

Nenhum comentário: