NOTAS
DIDA - Belas defesas, uma milagrosa. - 9
CAFU - Seguro na defesa e eficiente no apoio. Pena que não sabe chutar a gol. - 6,5.
LÚCIO - Desta vez, o melhor da zaga, apesar de jogar no sacrifício. Excelente na defesa, jogou com raça a inda puxou o contra-ataque do segundo gol. - 8,5
JUAN - Apenas razoável, algumas vezes até violento - 6
ROBERTO CARLOS - Discreto na defesa. No segundo tempo, ainda tentou apoiar um pouco. Muito erro de passe e estrelismo. - 6
ÉMERSON - Jogou com raça, mas não protegeu bem a defesa. Parece inclusive não estar no esplendor da sua forma. - 5 (pelo esforço)
GILBERTO SILVA - Marca um pouco melhor que Émerson e distribui o jogo com mais eficiência. Parece mais inteiro fisicamente. TEM QUE SER MANTIDO NO TIME CONTRA A FRANÇA - 6,5
ZÉ ROBERTO - Executou bem sua função no meio e ainda fez o terceiro - 7
RONALDINHO - Errou uns 10 passes no primeiro tempo. Em alguns momentos (no primeiro tempo),pareceu alheio ao jogo, mais uma vez. Melhorou no segundo - 5
KAKÁ - Razoável. Esforço (inclusive na marcação) e belo passe para o primeiro gol. Errou muitos passes - 6
JUNINHO - No mesmo nível de Kaká, razoável - 6
RICARDINHO - O melhor do segundo tempo, mesmo tendo jogado só 12 minutos. Quatro belos lançamentos, inclusive o do terceiro gol - 8
ADRIANO - Fez um gol em impedimento, mas é muito fraco tecnicamente e emperra o time. Protagonizou um lance tosco cara-a-cara com o goleiro. Mostrou falta de humildade ao não aceitar a substituição. TEM QUE SER SUBSTITUÍDO POR ROBINHO - 3
RONALDO - Um golaço, ajudou o quanto pode até na marcação e fez mais umas três jogadas boas no jogo. Ele é mesmo o fenômeno, mesmo fora de forma - 8
PARREIRA - Fez o que podia sem Robinho. Do time que ele montou, de ridículo mesmo só o Adriano. Substituiu corretamente - 6
28.6.06
Em Manaus
O evento oficial acabara cedo; insone, me vi especulando uma caminhada noturna solitária. O hotel, uma instituição oficial dos militares, não parecia muito convidativo. Em meu sangue, ainda circulava o álcool feliz do jantar oficial. Deixei o colega da grande mídia tentando dormir e ganhei a rua.
Assim que deixei o hotel, percebi que a base era uma coisa única, espalhando-se por uma área vasta de casas brancas e patrulhas militares. O ar pesava como seda úmida e grudava em meu rosto. Caminhei pela avenida dupla, vez ou outra abandonando a segurança relativa da iluminação pública para explorar transversais obscuras, mas sempre era repelido pelos cachorros ou pela mata. A cidade cravada na selva, como uma exibição triunfante da dominação humana sobre a natureza, ainda encontrava resistência; a selva fechava-se para mim assim que deixava o espaço urbano. Seus insetos deixam o ar impregnado com uma cantoria de exoesqueletos em êxtase. Suava muito, mas nunca temi por minha segurança. A cada cem metros, uma patrulha militar me cumprimentava respeitosamente. Nomes indígenas passavam rápido pela memória: Xambioá, Tefé, Kuarup.
De volta, a selva tornou-se mais densa com o acréscimo de uma fauna tipicamente urbana. Um psiu quebrou meus devaneios. Com a fronte sebosa com minha própria sudorese, percebi que uma indiazinha me convidada a um papo. O óbvio ululante não me comoveu. Aproximei-me.
- Você não quer um programa não?
Ela não parecia muito jovem, mas também não era velha. Senti seu nervosismo.
- Não tenho dinheiro. Desculpe – menti.
- Aí, quando vi você vindo na rua eu pensei, gosto de homem assim, alto – ainda tentou ela, apelando para suas táticas. Agradeci e neguei novamente. Ela resignou-se e a fronte acobreada, emoldurada no cabelo preto liso, enrugou-se num último pedido, quase doloroso, que apertou seus olhos oblíquos.
- Paga uma cerveja pra mim moço.
Fui até um posto de gasolina próximo e comprei duas latinhas de cerveja. Os frentistas e o segurança me olharam com um ar de reprovação e secreta compreensão, abafada pelos afazeres da vida. Entreguei a cerveja a ela, que logo sumiu numa rua lateral. Depois disso, algo quebrou-se e não consegui mais conversar com ela ou com suas colegas de olhar assustado. Puxei papo com um indivíduo que as acompanhava, mas ele não se mostrou amistoso. Sóbrio de realidade, voltei para o hotel. Deitei na cama estreita, flashes rápidos do dia movimentado passaram pela mente e percebi, finalmente, que eu tentara entrar numa selva nova, um tipo híbrido de pedra e verde, e apenas roçara a sua superfície viscosa, e viva.
Assim que deixei o hotel, percebi que a base era uma coisa única, espalhando-se por uma área vasta de casas brancas e patrulhas militares. O ar pesava como seda úmida e grudava em meu rosto. Caminhei pela avenida dupla, vez ou outra abandonando a segurança relativa da iluminação pública para explorar transversais obscuras, mas sempre era repelido pelos cachorros ou pela mata. A cidade cravada na selva, como uma exibição triunfante da dominação humana sobre a natureza, ainda encontrava resistência; a selva fechava-se para mim assim que deixava o espaço urbano. Seus insetos deixam o ar impregnado com uma cantoria de exoesqueletos em êxtase. Suava muito, mas nunca temi por minha segurança. A cada cem metros, uma patrulha militar me cumprimentava respeitosamente. Nomes indígenas passavam rápido pela memória: Xambioá, Tefé, Kuarup.
De volta, a selva tornou-se mais densa com o acréscimo de uma fauna tipicamente urbana. Um psiu quebrou meus devaneios. Com a fronte sebosa com minha própria sudorese, percebi que uma indiazinha me convidada a um papo. O óbvio ululante não me comoveu. Aproximei-me.
- Você não quer um programa não?
Ela não parecia muito jovem, mas também não era velha. Senti seu nervosismo.
- Não tenho dinheiro. Desculpe – menti.
- Aí, quando vi você vindo na rua eu pensei, gosto de homem assim, alto – ainda tentou ela, apelando para suas táticas. Agradeci e neguei novamente. Ela resignou-se e a fronte acobreada, emoldurada no cabelo preto liso, enrugou-se num último pedido, quase doloroso, que apertou seus olhos oblíquos.
- Paga uma cerveja pra mim moço.
Fui até um posto de gasolina próximo e comprei duas latinhas de cerveja. Os frentistas e o segurança me olharam com um ar de reprovação e secreta compreensão, abafada pelos afazeres da vida. Entreguei a cerveja a ela, que logo sumiu numa rua lateral. Depois disso, algo quebrou-se e não consegui mais conversar com ela ou com suas colegas de olhar assustado. Puxei papo com um indivíduo que as acompanhava, mas ele não se mostrou amistoso. Sóbrio de realidade, voltei para o hotel. Deitei na cama estreita, flashes rápidos do dia movimentado passaram pela mente e percebi, finalmente, que eu tentara entrar numa selva nova, um tipo híbrido de pedra e verde, e apenas roçara a sua superfície viscosa, e viva.
27.6.06
Estilo feio
Assim como o Brasil sempre ganha das pequenas seleções em Copas, a Itália sempre vence sem convencer, como ocorreu contra a Austrália, com um gol de pênalti duvidoso no último minuto. Por que a Itália, país das artes, belíssimo, de mulheres lindas, de carros bonitos, de roupas bonitas no design bonito, tem um estilo tão feio de jogar futebol?
Tostão
Assim como o Brasil sempre ganha das pequenas seleções em Copas, a Itália sempre vence sem convencer, como ocorreu contra a Austrália, com um gol de pênalti duvidoso no último minuto. Por que a Itália, país das artes, belíssimo, de mulheres lindas, de carros bonitos, de roupas bonitas no design bonito, tem um estilo tão feio de jogar futebol?
Tostão
25.6.06
23.6.06
NOTAS
DIDA - Sem culpa no gol. No mais, não foi exigido. 6
CICINHO - Ataca muito bem, defende mal. Poderia ter sido expulso. 6
JUAN - Segurança e técnica impecáveis. Fez jogada de ponte-de-lança no quarto gol. 8
LÚCIO - Falhou no gol, no mais não comprometeu. 6
GILBERTO - Seguro na defesa, desce para o ataque no momento oportuno. Fez lindo gol. 7
GILBERTO SILVA - Boa marcação e distribuição de jogo. Deveria ser mantido na equipe. 7
JUNINHO - Técnica e raça. Uma bela partida e um lindo gol. 8
KAKÁ - Se destacou menos, mas jogou para o time. 7
RONALDINHO - Bom toque de bola, lançamento primoroso para o terceiro gol, mas ainda pode render mais. 7
ROBINHO - Ótimo, tanto tática quanto individualmente. Se não virar titular, é um crime. 8,5
RONALDO - Fora de forma. Fez só umas três jogadas boas... ah, e os dois gols. 8,5
Senador
DIDA - Sem culpa no gol. No mais, não foi exigido. 6
CICINHO - Ataca muito bem, defende mal. Poderia ter sido expulso. 6
JUAN - Segurança e técnica impecáveis. Fez jogada de ponte-de-lança no quarto gol. 8
LÚCIO - Falhou no gol, no mais não comprometeu. 6
GILBERTO - Seguro na defesa, desce para o ataque no momento oportuno. Fez lindo gol. 7
GILBERTO SILVA - Boa marcação e distribuição de jogo. Deveria ser mantido na equipe. 7
JUNINHO - Técnica e raça. Uma bela partida e um lindo gol. 8
KAKÁ - Se destacou menos, mas jogou para o time. 7
RONALDINHO - Bom toque de bola, lançamento primoroso para o terceiro gol, mas ainda pode render mais. 7
ROBINHO - Ótimo, tanto tática quanto individualmente. Se não virar titular, é um crime. 8,5
RONALDO - Fora de forma. Fez só umas três jogadas boas... ah, e os dois gols. 8,5
Senador
14.6.06
13.6.06
9.6.06
flesh eaters autonomous
Deslizei pela avenida com gosto de excalibur, ouvindo som e encarando as pessoas, filmando as mulheres, a lua estava cheia então comi um hamburguer cru e tomei suco de laranja ácido, enquanto trabalhadores em happy-hour esperavam seu yaksoba, perto das grades de ventilação do metrô, em paralelo aos motoristas que impulsionavam seus veículos, à custa de muito combustível fóssil, em um engarrafamento entediante e perfeitamente rotineiro, às 18hoos, anoitecera mas meus olhos acostumaram-se rapidamente à meia-lux dos postes urbanóides avermelhados em meio ao frio. as farmácias vendem ritalina em grandes quantidades, a nação pinta-se de cores patrióticas para a guerra mundial de mentira e manda um abraço pro rivelino, tostão, garrincha e o kaiser franz beckenbauer. odeio pelé e zarqawi está sendo dissecado no necrotério da base Camp X-Ray, em Guantánamo. babe, se você soubesse.
Lorde Byron
Lorde Byron
O TIME DE TODAS AS COPAS
Dizem que onde goleiro pisa, não nasce grama. Pois o goleiro deve ser alguém atormentado, no limiar entre o trágico e o desespero, e não há melhor goleiro no mundo do que Fernando Pessoa.
Os laterais devem ser versáteis para atacar e defender, cruzar e evitar cruzamentos em sua área. Na lateral direita, o poeta, cronista, jornalista e funcionário público Carlos Drummond e, na esquerda, o poeta, ensaísta e prosador Charles Baudelaire.
Na zaga, uma questão filosófica: zagueiros devem ser argentinos, sempre. Cortázar e Borges não formam uma dupla FANTÁSTICA?
Os volantes devem ser imponentes e marcadores, mas também precisos no passe. O primeiro volante é Graciliano Ramos, com seu jogo milimétrico, eficaz e refinado, porém sem firulas. O camisa 8, Machado de Assis, segue mais ou menos a mesma linha, mas brinda o torcedor, por vezes, com toques surpreendentes e geniais, desconcertando os adversários.
Os meias de ligação, responsáveis pela criatividade do time, são Herberto Helder (10) e Dylan Thomas (11). O que os dois jogam juntos é uma covardia, e o estilo de jogo deles se complementa de uma forma jamais vista. Com eles, basta você piscar os olhos que poderá perder a jogada mais espetacular de todos os tempos.
A dupla de ataque é formada por magos. O ponta direita T. S. Eliot hipnotiza os zagueiros adversários com a musicalidade do seu jogo, enquanto que o centroavante Guimarães Rosa deixa-os boquiabertos com as veredas dos seus dribles, tendo só o trabalho de empurrar a bola, mansamente, para as redes.
Esse time ganhou a Copa antes da copa existir, ganharia a Copa mesmo se ela não existisse.
André Setti
Dizem que onde goleiro pisa, não nasce grama. Pois o goleiro deve ser alguém atormentado, no limiar entre o trágico e o desespero, e não há melhor goleiro no mundo do que Fernando Pessoa.
Os laterais devem ser versáteis para atacar e defender, cruzar e evitar cruzamentos em sua área. Na lateral direita, o poeta, cronista, jornalista e funcionário público Carlos Drummond e, na esquerda, o poeta, ensaísta e prosador Charles Baudelaire.
Na zaga, uma questão filosófica: zagueiros devem ser argentinos, sempre. Cortázar e Borges não formam uma dupla FANTÁSTICA?
Os volantes devem ser imponentes e marcadores, mas também precisos no passe. O primeiro volante é Graciliano Ramos, com seu jogo milimétrico, eficaz e refinado, porém sem firulas. O camisa 8, Machado de Assis, segue mais ou menos a mesma linha, mas brinda o torcedor, por vezes, com toques surpreendentes e geniais, desconcertando os adversários.
Os meias de ligação, responsáveis pela criatividade do time, são Herberto Helder (10) e Dylan Thomas (11). O que os dois jogam juntos é uma covardia, e o estilo de jogo deles se complementa de uma forma jamais vista. Com eles, basta você piscar os olhos que poderá perder a jogada mais espetacular de todos os tempos.
A dupla de ataque é formada por magos. O ponta direita T. S. Eliot hipnotiza os zagueiros adversários com a musicalidade do seu jogo, enquanto que o centroavante Guimarães Rosa deixa-os boquiabertos com as veredas dos seus dribles, tendo só o trabalho de empurrar a bola, mansamente, para as redes.
Esse time ganhou a Copa antes da copa existir, ganharia a Copa mesmo se ela não existisse.
André Setti
este ano o brasil vai à copa do mundo em busca de seu terceiro título inédito na história do futebol, o hexacampeonato, que, tendo nossa seleção vitória na disputa, será o primeiro de todos os tempos, como foram pioneiras as conquistas do tetra (1994) e do penta (2002). a excelência do futebol brasileiro já tinha sido provada nas épicas campanhas de 1958, 1962, 1970, momentos-chave na construção da identidade nacional. apenas para comparação, vale lembrar que, até agora, o tricampeonato só foi conquistado por dois outros países, e, ainda assim, depois que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) obteve a posse definitiva da taça Jules Rimet: Alemanha (1954, 1974, 1990) e Itália (1934, 1938, 1982). portanto, com os títulos conquistados no méxico, nos estados unidos e na copa realizada simultaneamente no japão e na coréia do sul, o brasil se elevou gradualmente a um patamar futebolístico único e indiscutível, que seria reforçado por um eventual hexa.
(...)
enchi o saco. CONTINUEM O TXT
8.6.06
"[os membros da banda inglesa sigue sigue sputnik] também chocavam ao se definirem como a "Quinta Geração do Rock´n´Roll" (sem tocar nada), venderam os espaços entre as faixas do álbum para publicidade, colocando jingles futuristas para marcas ícones dos 80 como a L'Oreal, as revistas I-D e Tempo, a loja Pure England Sex, além de anúncios estampados na capa do album de estréia, "Flaunt it" (ninguém mais fez isso desde então!)."
é isso, senhores. temos que fazer algo parecido com nossos livros.
é isso, senhores. temos que fazer algo parecido com nossos livros.
4:43 DA MADRUGA
Eu chegando do trampo agora, com vinte horas de trampo direto, pepsi e café na veia. Nenhum filho da puta no msn (então escrevo palavras anônimas neste blog indescoberto).
Olho as paredes do meu quarto e elas são quase as paredes de uma agência. A música que ouço, minha mesa e meu despertador são letras escritas erradas. Parece que as letras teimam em permanecer erradas.
Passarei esta noite sozinho, pensando na teimosia das letras e na madrugada das marés.
Senador
Eu chegando do trampo agora, com vinte horas de trampo direto, pepsi e café na veia. Nenhum filho da puta no msn (então escrevo palavras anônimas neste blog indescoberto).
Olho as paredes do meu quarto e elas são quase as paredes de uma agência. A música que ouço, minha mesa e meu despertador são letras escritas erradas. Parece que as letras teimam em permanecer erradas.
Passarei esta noite sozinho, pensando na teimosia das letras e na madrugada das marés.
Senador