O TIME DE TODAS AS COPAS
Dizem que onde goleiro pisa, não nasce grama. Pois o goleiro deve ser alguém atormentado, no limiar entre o trágico e o desespero, e não há melhor goleiro no mundo do que Fernando Pessoa.
Os laterais devem ser versáteis para atacar e defender, cruzar e evitar cruzamentos em sua área. Na lateral direita, o poeta, cronista, jornalista e funcionário público Carlos Drummond e, na esquerda, o poeta, ensaísta e prosador Charles Baudelaire.
Na zaga, uma questão filosófica: zagueiros devem ser argentinos, sempre. Cortázar e Borges não formam uma dupla FANTÁSTICA?
Os volantes devem ser imponentes e marcadores, mas também precisos no passe. O primeiro volante é Graciliano Ramos, com seu jogo milimétrico, eficaz e refinado, porém sem firulas. O camisa 8, Machado de Assis, segue mais ou menos a mesma linha, mas brinda o torcedor, por vezes, com toques surpreendentes e geniais, desconcertando os adversários.
Os meias de ligação, responsáveis pela criatividade do time, são Herberto Helder (10) e Dylan Thomas (11). O que os dois jogam juntos é uma covardia, e o estilo de jogo deles se complementa de uma forma jamais vista. Com eles, basta você piscar os olhos que poderá perder a jogada mais espetacular de todos os tempos.
A dupla de ataque é formada por magos. O ponta direita T. S. Eliot hipnotiza os zagueiros adversários com a musicalidade do seu jogo, enquanto que o centroavante Guimarães Rosa deixa-os boquiabertos com as veredas dos seus dribles, tendo só o trabalho de empurrar a bola, mansamente, para as redes.
Esse time ganhou a Copa antes da copa existir, ganharia a Copa mesmo se ela não existisse.
André Setti
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