3.12.04

MAR


Âmago frio, medo fronteira.

Rebanho de barcos,

palco do grito infinito,

trégua entre águas e corpo,

tempo e limite.



Estalo estalactites

sangram a bola de fogo de Vênus,

remoinhos calmos

estorvam o pâncreas do tempo

feito labirinto

onde incrivelmente venço,

oniricamente vejo

místicas vísceras

se prolongando

no baço dos séculos.



Invoco

a força da música das eras.

Em verdes pirâmides,

o mar não joga xadrez

com seus símbolos.



Há jogos

de estanho e vinho

farejando ecos

de fragmentos.



Marinheiros se mesclam

à noite paisagem clavícula,

meteoritos tateiam máculas,

convergências tardam

no grande oceano dos medos.



Cartilagens tênues da memória

se acumulam no zero-espaço

das vozes anis de titânio.



A mitologia aglutina vértebras

de Netuno magnésio grito.


André Setti
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