27.6.08

Kane is back

O jornal New York Post foi fundado em 1801 por Alexander Hamilton, um dos mais importantes líderes da revolução americana, mas propaga hoje em dia a sina sensacionalista do atual dono, o bilionário australiano Rupert Murdoch, controlador do maior império de mídia do mundo, a News Corp. Em artigo na revista Atlantic Monthly, o professor de jornalismo Mark Bowden o decreve como um cidadão Kane às antigas, que torce o nariz para o jornalismo aprofundado defendido por Pulitzer (fundador do curso de jornalismo da Universidade Columbia) e que alcançou o auge com o Wall Street Journal, vendido a Murdoch em 2006 por um valor recorde para um jornal, US$ 6 bilhões. O cara gosta mesmo é de competir com o The New York Times e cavar informações exclusivas. Desde então, ele conseguiu modificar o Journal mais ao seu gosto, mas sempre é empurrado de volta ao noticiário econômico quando os leitores do vetusto diário parecem se rebelar com sua vibe mais imediatista. Um exemplo dela: durante os anos 80, o Post ainda se arrastava um pouco para a esquerda e publicou uma das manchetes mais bizarras de sua história: "Headless body in topless bar", sobre um homícidio numa boate. O Post custa 25 centavos e pode ser adquirido em qualquer biboca e metrô da cidade.

Recentemente, o amarronzado diário publicou fotos sensuais de Ashley Dupre, a garota de programa que foi pivô do escândalo que derrubou o entao governador Eliot Spitzer, que pagou para que viesse a Washington transar com ele num hotel de luxo da cidade. "Ele gostava de umas coisas esquisitas. Mas eu sei lidar com caras assim", disse Ashley no depoimento às autoridades americanas. A investigação sobre estranhas retiradas na conta do governador acabou levando à fonte de seus gastos suspeitos: milhares de dólares para as garotas de programa. Teve gente que noticiou o envolvimento de uma brasileira na história, mas era tudo cascata. Spitzer caiu e hoje o governador de Nova York é o vice David Patherson, que perdeu na infância praticamente toda a visão.

17.6.08

"The Brief Wondrous Life of Oscar Wao"



agora terminei "The Brief Wondrous Life of Oscar Wao", de Junot Díaz, ganhador do prêmio Pulitzer de melhor romance de 2008. Estava voltando do supermercado na minha rua quando me bateu, eu também era um garoto esquisito, lendo o tempo todo, ficção científica e RPG.

No caso de Oscar Wao, um dominicano negro de primeira geração vivendo em Paterson, New Jersey, a vida é um pouco mais estranha. Ler é ridículo para os pares e Oscar é um consumidor voraz, sempre escrevendo trilogias e tetralogias, overweight, sem mulher, ridicularizado por todos, até os melhores amigos. A partir dessa premissa, Díaz conta a sua versão da diáspora nos EUA e dos ossos no armário, da ditadura brutal de Rafael Trujillo.

Não há ponto de partida nesta história da maldição de uma família, o fukú. A República Dominicana e os Estados Unidos compõem os fragmentos dispersos no ponto de vista de amigos e familiares, e de outras histórias, mais antigas e sinistras. A terra prometida da diáspora de Díaz é brutal, mas como na Ilha de Santo Domingo, também tem sonhos e visões do inexplicável. Díaz, como Khaled Hosseini e outros imigrantes e exilados de uma nova literatura americana, adota o inglês para expurgar a sua visão das dores do mundo, mas de sua parte acrescenta uma dose generosa de saboroso espanhol, a exemplo de quando identifica na luxúria do ditador e de seus asseclas os elementos de uma "culocracia".

Díaz também publicou um livro de contos, "Drown" (1996). Nascido em Santo Domingo em 1968, ele é professor de criação literária do MIT e editor da revista Boston Review.

7.6.08

Fui (e já voltei)