30.4.10

Revista Machado



Conheça a revista Machado.

Projeto de Delfin, um dos fundadores das Edições K e da Mojo Books.
Delfin abriu a venda e você pode achá-lo em www.studiodelrey.com.br.
Literatura e design é com ele mesmo.

29.4.10

The New Colossus

*Emma Lazarus

Not like the brazen giant of Greek fame,

With conquering limbs astride from land to land;

Here at our sea-washed, sunset gates shall stand

A mighty woman with a torch, whose flame

Is the imprisoned lightning, and her name

Mother of Exiles. From her beacon-hand

Glows world-wide welcome; her mild eyes command

The air-bridged harbor that twin cities frame.

"Keep ancient lands, your storied pomp!" cries she

With silent lips. "Give me your tired, your poor,

Your huddled masses yearning to breathe free,

The wretched refuse of your teeming shore.

Send these, the homeless, tempest-tost to me,

I lift my lamp beside the golden door!"

17.4.10

Jolivaldo Freitas

Da Tribuna da Bahia
As meninas lá de Itapuã

Publicada: 14/04/2010

Jolivaldo Freitas


Houve um tempo que para chegar a Itapuã era um suplício. Isso lá pelos idos dos anos 50 e eu ia no colo da minha mãe, portanto não tenho queixas do percurso. Mas era assim, já que morávamos na Cidade Baixa: pegava um lotação na Boa Viagem, saltava na Praça Cayru, atravessava a rua, subia o Elevador Lacerda.

No ponto final da Praça da Sé demorava, mas chegava um ônibus (não lembro se era o Trolebus – ônibus elétrico – ou se era comum) e ia pinga-pinga pingando até o Rio Vermelho. Descia, vinha um outro até a Pituba e daí era um deus-nos-acuda até conseguir transporte para Itapuã.

O que iríamos fazer lá? Veranear é claro. Itapuã era terra de veraneio e pescadores. Tão longe que os moradores achavam péssimo ter de vir para a cidade ou para Salvador, pois era assim que tratava a capital: como algo distante e á qual eles não pertenciam psicologicamente, embora parte geograficamente.

Não havia nenhuma casa de alvenaria. A nossa mesmo fora comprada na mão de uma família de um pescador que desaparecera no mar (conto a história mais adiante) e que terminou mudando para a Praia do Forte – bem mais longe ainda, coisa de mais de um dia de viagem.

Mas era algo que até hoje o povo lá de casa comenta – os mais velhos, lógico – com saudade matadeira. Diziam, e eu não acredito, que pela Boca do Rio ainda tinha índios remanescentes dos tupinambás e que tudo era dunas e Mata Atlântica. Alguns garantem que tinha raposa pelo caminho e em cada lagoa os jacarés ficavam crocodilando ao sol.

Era ar puro, salitre e quando em se chegando a Itapuã, à beira-mar, aquela maresia, que vem a ser uma preguiça danada. E se desse para escutar as ondas batendo nas pedras (todo mundo sabe que Itapuã significa “Pedra que ronca”, na língua Tupy-Guarany), aí é que se entregar ao tempo.

O povo lá de casa garante que tinha um tio, já encantado, que tinha espírito (sem trocadilho) aventureiro. Ele gostava de sair para caçar pombas-rolas, jacarés e anuns e também saía com os pescadores para alto-mar em busca de sororoca e atum; e foi num dos barcos que ele costumava ir com os amigos que aconteceu o inesperado. O dia estava claro, e logo ao alvorecer colocaram o saveiro na água e partiram na direção Norte, lá pelas partes de Arembepe.

Quando todos voltavam, no final da tarde, houve uma viração, tudo escureceu como se fosse o fim do mundo. Os raios caiam como chuva e a chuva como se fosse espetos e deu noite alta e ninguém tinha chegado.

Os outros pescadores não podiam sair por causa da arrebentação. Quando o mar acalmou já era madrugada e os companheiros saíram em busca de ajuda. Pelo que se conta nas histórias lá de casa, um mestre-saveirista decidiu, com sua experiência, fazer o trajeto contrário aos outros e foi ele quem conseguiu achar a embarcação quebrada ao meio, sem vela e sem leme com os homens agarrados ao que restou do casco e assustados. Miguel Poiteiro sumiu e nunca mais apareceu. Foi a família dele que vendeu a casa para o pessoal lá de casa.

Lembro, nos anos 60 do século passado, do coqueiral fechado de Itapuã, da Lagoa do Abaeté e das dunas que tomavam toda a geografia, partindo de Piatã até sumir pelas bandas da Praia do Flamengo. E lembro das noites de lua cheia coincidente com o Verão, quando as meninas botavam suas melhores chitas e saiam recendendo a água-de-cheiro, alfazema e naftalina.

Passavam flertando e quando tudo dava certo, os coqueiros eram abrigos e a areia da praia era a alcova. Vez em quando um pai com peixeira na bainha botava para correr. Ou uma baleia se aproximava da costa e nos olhava com seu olhar de peixe morto.

8.4.10

The Wobblies

Kal's cartoon...



From the Economist

6.4.10

I DON'T WANT TO SET THE WORLD ON FIRE



Words and music by Eddie Seiler, Sol Marcus, Bennie Benjamin and Eddie Durham

I don’t want to set the world on fire
I just want to start
A flame in your heart
In my heart I have but one desire
And that one is you
No other will do
I’ve lost all ambition for worldly acclaim
I just want to be the one you love
And with your admission that you feel the same
I’ll have reached the goal I’m dreaming of
Believe me
I don’t want to set the world on fire
I just want to start
A flame in your heart
[Spoken Word]

I don't wanna set the world on fire, honey
I love ya too much
I just wanna start a great big flame
Down in your heart
You see, way down inside of me
Darlin' I have only one desire
And that one desire is you
And I know nobody else ain't gonna do
[Sung]

I’ve lost all ambition for worldly acclaim
I just want to be the one you love
And with your admission that you feel the same
I’ll have reached the goal I’m dreaming of
Believe me
I don’t want to set the world on fire
I just want to start
A flame in your heart

Dano colateral

Veja como é fácil para alguns pilotos fuzilar crianças.
(atenção: conteúdo chocante)

Veja aqui, sem precisar de login no youtube.

5.4.10

Popularidade e consciência coletiva

Gabriel Perissé (1998), pesquisador da FFLCH-USP e fundador da ONG Projeto Literário Mosaico para a formação de escritores, atribui o sucesso de Paulo Coelho ao anseio “pelo retorno ao mundo das tradições, das revelações... [a um] mundo que nos dê uma fé...; ou que nos dê uma vitória sobre o caos.” Ele fala do sucesso do autor em termos de Brasil, mas podemos estender essa conclusão sua ao resto do mundo, uma vez que as razões por ele apontadas para esse sentimento coletivo de volta a um tempo “místico” é o saldo negativo do século XX, em que a humanidade viveu duas guerras mundiais (e aqui eu acrescentaria os conflitos do Oriente Médio), a falência ideológica do comunismo (e da própria democracia, eu diria), a competição selvagem, a radicalização das desigualdades, a violência desenfreada e todo o tipo de desumanidade. Pode-se argumentar que esses problemas não são típicos dos tempos modernos e que a humanidade sempre viveu guerras e crises ideológicas. No entanto, o positivismo do século XIX, que exerceu uma influência notável na filosofia analítica do século XX, nos fez crer no progresso baseado na razão e na ciência. Assim, conviver com as guerras no Oriente Médio, a fome africana, a pandemia da AIDS e o atraso na América Latina e em outras regiões do mundo, por exemplo, parece inadmissível para a humanidade de hoje; não é lógico.