Pois é, graças a um pouco de boa vontade, eu e delfin, o montanheiro de Campinas, estamos aqui perdidos no mundo livresco da Bienal. E olha que tem livro: de todos os tipos e tamanhos, misturados com celebridades da Globo e outras coisitas mais.
Entre os gritinhos de escolares e passos apressados das crianças animadas, o maior evento de livros do Brasil. São três pavilhões repletos de stands, seguindo um pouco a estrutura que os baianos puderam conhecer na Bienal da Bahia, com direito a café literário e praça de alimentação impregnando o ambiente de fritura.
Pelos corredores, José Sarney, Alckmin e Marcos Frota se cruzavam. Olhei poucos livros, eu que estou quase no fim da viagem e já comprei o suficiente pra sentir o bolso vazio. Há as delícias de sempre, os pockets meio horrososos da Companhia das Letras, mulheres bonitas (coisa endêmica no RJ) e muito mais. Valente, o escritor baiano Hugo Homem tenta vender suas obras, à semelhança do stand preparado na bienal de salvador.
Aliás, os pockets da CDL tentam ser pockets mas não conseguem - são meio estranhos os livros, sem orelhas (básico para qualquer livro não ficar amassado e meio chato de conservar) e com uma diagramação estranha, que tenta aproveitar demais os espaço sem necessidade.
Não sei até que ponto isso é uma tendência, mas é fato que os livros de bolso são os mais vendidos no Brasil, e devem render (não tenho confirmação de valores, mas observei os livros à venda em diversos lugares do Brasil).
O Rio de Janeiro continua com sua energia de beleza natural e fome desesperada, olhos muito abertos na porta do supermercado (os que querem um trocado para levar as compras), e a beleza sanitizada da Barra - grandes avenidas, inúmeros shoppings, estátua da liberdade em miniatura anunciando que este é um projeto de Miami feliz diretamente aqui no Rio de Janeiro, sem favela e longe dos tiroteiros. Mas a cocaína pulsa até nesse ambiente de prédios estilizados, não há como impedir a sua chegada hedonista nos lugares mais obscuros.
Estou aqui na Sala de Imprensa da Bienal, amigos, e a coisa está boa: tem refrigerantes, pequenos sanduíches, refrigerantes, computadores, mulheres, tv, telefone de graça. Me sinto até meio sem graça de ocupar o lugar de alguém que está trabalhando com as minhas férias. Mas não importa. Nada importa. Em poucos dias, após uma passagem rápida pela cidade-pão-de-queijo, onde espero vagar nas ruas com o Sr. Salgado, vulgo Pai Pombinho, e depois de volta para o câncer urbano de São Paulo, encontrar a garota dos cabelos curtos, zanzar por metrôs e restaurantes japoneses, pegar o avião final e encarar a cidade clara se revelando aos poucos, sob os meus olhos, tão familiar, benigna e maligna, terra de coronéis, lentidão patológica e muito bom humor.
aL nITE lANG
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