13/10/2005
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Ficcões
Patrick Brock
brock@atarde.com.br
Crimes do Estado
Patrick Brock
Eles usaram o LSD de maneiras que eu nem gosto de lembrar. Os agentes da CIA, sedentos por vingança depois da Guerra da Coréia, e suas técnicas de controle da mente. Pouca gente ouviu falar do MK-Ultra. Mas eu conheci todos eles, até o Dr. Springler e seus experimentos sádicos.
Ele era tão louco que uma vez deu LSD para uma cobaia durante 77 noites seguidas, enquanto a prendia numa sala de privação sensorial – mais ou menos o seguinte: uma caixa preta em que o cara ficava lá, de ácido, sem ver, tocar, ouvir ou sentir o cheiro de nada. Não sei o que aconteceu com o sujeito. Springler destruiu todos os documentos em 1972, inclusive os que falavam de experimentos com vietcongues capturados, coisas do tipo implantar eletrodos no cérebro deles e fazer com que atacassem uns aos outros.
Não sei de quem foi a idéia, deve ter sido de Springler, mas os caras acabaram aproximando-se de Timothy Leary e seus colegas, que já estavam meio desmoralizados com o esoterismo de suas pesquisas com LSD em Harvard. Dois agentes chegaram para ele com 40 quilos de LSD-25 e simplesmente entregaram. E Leary distribuiu pra uma galera. Acho que a CIA queria desmoralizar ele.
Em 1967, proibiram de vez o LSD nos Estados Unidos, então me voltei para métodos ilegais de produção. Para mim, que fui oficial da Força Aérea e acompanhei toda a fabricação do extrato, foi fácil montar um laboratório num antigo silo de mísseis nucleares abandonado no Arkansas. Forneci 95% do LSD que embalou a galera no final dos anos 60, mas acabei preso. Eu disse que era para consumo próprio, mas os caras não acreditaram. Azar o meu. Hoje eu moro em Brisbaine, na Austrália, e produzo pequenos dragões de metal e de cerâmica. Os repórteres vêm me entrevistar o tempo todo, mas, quando eles chegam, os recebo e depois fico olhando para o céu violeta enquanto fazem suas perguntas.
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