24.1.05

Siribinha




Há um ano, eu chafurdei no nada. A vida era um limbo entre a grande herança e a morte tenebrosa. Se me entristecia pela perda, me alegrava pela segurança material. O resultado era um suflê estranho, de sabor amargo.

A 200km de Salvador há uma praia chamada Siribinha. As pessoas têm um aspecto lustroso, de peixe frito. As crianças brincam com cocos secos, as conchas são belas e renitentes. Milhas náuticas de praias salpicadas de azul e verde. Nos vemos novamente em meio a carangüejos.

Nada será como antes, meus caros. Em diferentes lugares do Brasil, estamos respirando ofegantes, após gozarmos felizes. É uma nova era, um ano redondo, o "ano do dinheiro" como gosta de gritar o Homem Gabiru quando o álcool substitui o sangue. Uma vida cheia de obviedades ou um texto terno, suave?

Do lado de fora há sol intenso, as baianas fritam os primeiros bolinhos de feijão fradinho, cheiro de sabonete e fumaça de óleo diesel no caminho do trabalho. Sou escravo, sim, mas amo, e tudo o mais vale a pena.

Al Nite Lang

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