10.6.05

on the way home

difícil descrever a sensação de voltar para casa, as coisas familiares, a mesma poeira sob a mesa e os porta-retratos. os hábitos persistentes se repetem em todos os lugares, ouvir radiouol, ver tevê à noite antes de dormir.



sinto olhares, será só a minha cabeça? pediram que escrevesse uma coluna, colunas de luz brilhante quando penso nisso. as dúvidas me assaltam, mas tenho certeza do amor à coisa. sim. foram tantas cidades e rodoviárias, aeroportos, avenidas brasil e benjamin constant se repetindo em paisagens diferentes. as pessoas são o tesouro maior, como se revelam em atitudes sutis e permitem que sejam percebidas seus recônditos. as órbitas chega queimam de tantas imagens guardadas.



sandrini sorridente em curitiba, essa figura extraordinária nas ruas amplas, ar frio e cafés. curitiba é um território oculto em projetos urbanísticos e cemitérios editoras e bebedeiras animadas, todos os lugares são cafés impulsivos.

em porto alegre, meu deus, tanta bebedeira, como um crescendo, tenho pequenos momentos de reflexão durante música alta. lugares assim não me pertencem mais. vejo um pequeno jogo se formar entre pessoas variadas, xadrez de música dançante e cerveja quente. como da primeira vez em que fui ao ocidente, algo de ruim tem que acontecer: levaram meu casaco. coisa de baiano de criação, perdido nas mudanças de temperatura.

passamos uma longa tarde de carro no interior do rio grande do sul, por estradas perigosas, indo e voltando, ganhando altitude, escada de cidades no topo da serra. conheci a cidade em que nasci, caxias do sul, uma ilha estranha de indústrias e movimento entre morros.



nunca esqueço as idéias de acidentes aéreos. fogo e destruição quando o boeing sacode entre uma pequena refeição e outra. aham. desculpe a secura. mas é sobre isso mesmo que eu queria falar, a secura do texto. sempre há momentos; tantas emoções. aham. as memórias sumiram momentâneamente. o importante é que cheguei em casa, alguns móveis mudaram de lugar, guardo a lembrança de todos vocês por essa estrada longa e divertida e eu nunca esquecerei.

kcirtap kcrob (para bolla, que sabe das coisas)

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