18.9.05

"Três horas duma noite que além de ser noite de sábado, está de neblina formidável. Noite de sábado já é uma das coisas mais humanas de São Paulo, todos os baianos, gaúchos, mineiros, cearenses, pernambucanos, espanhóis saem a passear. [...] me sinto bem no meio deles. E além disso: neblina, um fog maravilhoso. No Anhangabaú não se via nada de nada. Só os anúncios e o luminoso do Banespa. Fui no cinema, vi umas besteiras, saí no meio e fui andando. Quando vi estava nos Jardins. Então voltei procurando caminhos mais misteriosos, cheguei a ter medo no meio do parque Trianon, completamente sem iluminação e com alguns ruídos nas moitas. Depois atravessei o bairro japonês e só quando esbarrei na avenida Liberdade, vim me encostando nela até esta rua José Getúlio. Ronco de vida e morte, várias propostas de aventuras, uma calma interior sem comparação. [...] Mas cheguei meio excitado, sem sono, e estou escrevendo."

João Cazé de Melo Neto, em correspondência a Paulo Bullar

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