19.2.04

abro os olhos. uma turba me cerca, ávida. tenho pouco tempo: agarro minhas bolas, chacoalho uns pentelhos para fora e levanto. Uma mulher ariana, de olhos claros e pele de seda branca, me encara como se eu fosse um verme inútil e sem valor. Retribuou o olhar com a cara de cão perdido mais doce que já existiu, e assisto a ela baixar os olhos e tentar me ignorar.

Esse é o meu sonho, quando acordo para uma manhã de sangue, paranoia e soft drugs. A Kulshedra perambula pela casa, inquieta, à espera do bote. O Homem-Gabiru labuta no terminal. Tudo parece calmo por alguns minutos, dona Maria fez a barra da minha calça, custou apenas R$ 5, a meio caminho do trolebus e da fumaça nojenta que insiste em grudar nas minhas narinas.

Com um pouco de sorte, não passarei mais uma noite sozinho. Sou um vira lata numa cidade arrogante, cheia de imigrantes tão confusos como eu. Black Flowers Blossom.

Al Nite Lang

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