A INCORPORAÇÃO DO MEDO
Observamos
não apenas o medo,
incorporado aos prédios
que nos abrigam.
Analisamos,
em cada passo,
as reentrâncias
do seu sistema nervoso.
Avistamos, os dois,
O enorme vácuo
(talvez houvesse um fruto
atrás da ponte).
Porém seguimos,
abandonados e medrosos,
sobre a cidade frígida.
Com medo,
compramos caos e presentes,
entregues ao seu destino.
Passeamos em velhos pátios,
trilhos desativados,
casarões e bondes
que não mais circulam.
A cidade cresce de modo vago,
como as dívidas que se arrastam
no ritmo da respiração.
Faísca.
Nem mais nem menos
no relógio da torre.
Meia-noite.
Então, sabendo-me nulo
e não sentindo nada,
torno à casa
no fundo dos olhos.
André Setti
COMENTEM! andre.7@uol.com.br / Assunto: incorporação do medo
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