até agora tudo calmo no treinamento do homem-gabiru no balcão de informações. só passageiros perguntando por chegadas domésticas e onde ficam varig, anvisa, serac 4. como em qualquer dia-de-feira, o formigar humano ocupa os corredores do terminal, coalhado de poder aquisitivo.
"onde fica a farmácia?"
"no piso mezanino, senhor."
os funcionários terceirizados demonstraram sua influência política aderindo massivamente ao concurso do próximo domingo. gabiru e outros miseráveis da comunicação social virão substituí-los na manhã da prova, desobservando ao dia santo. este é um dos motivos por que condeno a terceirização dos serviços públicos.
"onde fica o check-in da Gol?"
"no final do corredor."
penso no material atômico que o terror pode estar transportando para o território norte-americano, frame por frame a hecatombe monta seu espetáculo, uma enorme onda roxa, rosa e vermelha prestes a quebrar. os pedaços da bomba podem mesmo estar na bagagem de um dos estrangeiros que atendemos todos os dias no aeroporto.
"where do i take a bus to avenida paulista?"
"just outside the building, sir."
verifico a validade dos extintores. pisco o olho para a passageira loira de pernas de fora. vejo um cara apalpando com fúria o peito da namorada de camisa colada, ela negaceia. sinto cheiro de cerveja e lembro da geração Copan, enquanto redijo um post ao estilo de Brock.
(wc)
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