29.3.04

O MACHO



As mulheres da minha vida sempre me fuderam. A começar pela babá, que era sádica e enfiava um consolo de plástico no meu cu, quando eu tinha um ano. Depois, a primeira namorada. Gostava de fuder. Me dominou e me largou. Fiquei igual a uma besta, correndo atrás dela. Ela se divertia com meu sofrimento, tentava botar ciúme em mim. Passei o resto da adolescência sozinho, sofrendo. Aos vinte, a primeira namorada séria. Ia pra casa dela, a gente ficava conversando, dando beijo na boca, pegava no peitinho dela. Um dia ela me deixou pegar na buceta. Era uma buceta linda, de pelos claros, rosada.

Casamos. Eu me formara em engenharia e tinha um bom emprego, obras públicas. Tivemos um filho, Róbson. Um ano depois, uma filha, Marina. O casamento virou um inferno. Minha esposa engordou, ficou com a auto estima baixa. Dizia que eu não comia ela. Ela é que não sentia tesão. Arranjou um amante. Quando completamos cinco anos de casados, ela fodia todo dia com os amantes. Deixava as crianças sozinhas. Eu trabalhava. Até que um dia, cheguei em casa e encontrei o Róbson morto. Marina chorando, estavam brincando de empurrar um ao outro, ele caiu com a cabeça na quina da mesa. Meu filho, primogênito, lá, encravado na mesa de vidro que minha esposa tinha comprado numa loja de decoração caríssima. Não tinha mais clima pra continuar, nos separamos.

Fiquei solteiro sete anos. Fodia algumas empregadinhas do prédio, colegas de escritório, mas não me ligava a ninguém. Até que apareceu a Dulce. Ela tinha uma padaria, era rica. Eu já tinha passado dos trinta e cinco. Estava no mesmo cargo há cinco anos. Olhava o escritório e sabia que não ia pra lugar nenhum: eu não era genial, não ia ficar rico. Ia trabalhar até os sessenta anos de idade e me aposentar, viver mais uns vinte, no máximo, morrer, ser esquecido.

A Dulce ia me sustentar. Fomos morar juntos, uma cobertura. Ela me deu um carro importado. Minha filha, a Marina, já estava crescida. Era uma coisa linda, parecia minha esposa quando a conheci. Ela levava a garota pra passar um fim de semana comigo, todo o mês. Ela era ótima, inteligente. Aí, um dia, a Dulce tinha saído, a menina apareceu de calcinha, sem camisa. Perguntou se eu podia ensaboar as costas dela. Fomos pro banheiro, ela tirou a calcinha. Cabelos castanhos clarinhos, bundinha firme, seios apontando. Uma penugem na buceta. Passei o sabonete nas costas dela, esfreguei, mas foi uma coisa paternal, mesmo. Fiquei excitado, um pouco, mas porra, ela era minha filha, e eu era humano. Uma coisa descontava a outra. Acabou o banho, ela foi pra casa. A Dulce chegou. Transamos gostoso, depois eu preparei um jantar pra ela, tinha aprendido a cozinhar na época que fiquei solteiro. Dormimos abraçados, felizes. No outro dia, a polícia veio me buscar. Minha ex-esposa estava com eles. Ela gritava "você abusou dela, você abusou dela". Fui preso. Como tinha diploma universitário, fiquei em cela especial. Dulce não veio me visitar, só os seus advogados caros. Ela estava me processando por danos morais. Olhei para o anel de um deles. Devia custar uns cinco mil doláres.

Fui condenado a sete anos. Na carceragem, quem prepara as refeições é uma equipe do presídio feminino, várias mulheres se revezam. A comida é horrível. Outro dia achei um pentelho. Pentelho mesmo, não aqueles cabelos do braço. Continuei comendo e fiquei pensando se a minha ex-esposa tinha mandado Marina agir daquele jeito. Espero que no julgamento da Dulce seja um juiz. Até por que eu não tenho dinheiro pra pagar um advogado, minha chefe me demitiu. A defensoria pública mandou uma estagiária. Olhos azuis, sétimo semestre de direito, uma idealista, quer direito criminal. Sou seu primeiro caso. Fudemos nos cantos escuros da prisão e vejo minha condenação sucumbir ao poder da buceta.

Patrick Brock, 00:05 19/09/01

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